Se Você Acha Que Sim, Não Perca Seu Tempo Lendo Esse Artigo!
Olá tenista!
É muito comum ouvirmos dos tenistas o termo "não estava sentindo a bola" após um jogo.
Inúmeros são os motivos que causam tal sensação: raquete, tensão do encordoamento, tipo de bola, temperatura, vento, umidade relativa, altitude, tipo de quadra, além dos fatos intangíveis como, humor, cansaço físico e mental, saúde debilitada, entre outros.
A questão acima é de muita complexidade e deverá ser objeto de uma matéria a ser publicada num futuro próximo.
Hoje vamos tratar de uma questão mais amena, que trata da bola em contato com a raquete.
Será que é possível mudar a velocidade, ângulo e direção da bola no exato momento do contato com a raquete?
É isso que vamos analisar no decorrer desse artigo.
Na publicação "Impacto da Bola na Raquete de Tênis", Simon Goodwill demonstrou que o tempo da bola em contato com a raquete se situa entre 3 e 5 ms (milissegundos) com encordoamentos de 40 libras e 70 libras.
https://www.youtube.com/watch?v=VHV1YbeznCo
No link acima é apresentada a filmagem de uma bola na raquete sendo lançada a 142 mph ou 228,48 km/h em um saque com 6.000 quadros/segundo.
Para os leitores do blog que não estão afeitos aos tempos de reação do ser humano, vamos apresentar um caso real que ocorre nas provas de atletismo dos 100 e 200 m rasos.
Diversos estudos já publicados revelaram que o tempo de reação audível de um atleta de alto nível em corridas de curta distância, 100 e 200 m rasos, situa-se entre 120 e 150 ms.
Em outras palavras, após o tiro de partida, os atletas passam a se mover em direção à linha de chegada dentro daqueles parâmetros já mensurados.
Para solucionar esse problema, a IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo) estabeleceu que o tempo mínimo de reação não pode estar abaixo de 100 ms.
Para tanto, os blocos, ou o apoio dos pés para a largada, possuem um sensor de pressão elétrico que determina qual a reação do atleta após o tiro de partida.
Se o atleta, se moveu antes dos 100 ms, será banido da prova. Vários atletas de elite já foram desclassificados em virtude de tal procedimento.
Foto dos blocos de partida com sensores e alto-falantes.
Com esse procedimento, a IAAF matou dois coelhos com uma única cajadada.
Conseguiu determinar as saídas "falsas" e ao mesmo tempo ter um histórico dos tempos de largada de cada atleta, propiciando aos interessados informações valiosas para análises e treinamentos.
Foto da partida dos 200 m rasos com o tempo de 0,2 s ou 200 ms decorridos.
Mas, o que o tempo de reação dos atletas tem a ver com a bola em contato com a raquete?
Muito mais que você possa imaginar!
Quando a bola toca na raquete, ela recebe uma força de reação que é transferida para o braço e através de impulsos elétricos, via sinapses.
Tais informações vão até o cérebro onde são decodificadas em sensações, no caso táteis.
Existe uma distância a ser percorrida entre a raquete e o cérebro, e isso não ocorre de forma instantânea, portanto há um "delay" ou atraso no envio da informação.
A velocidade de trânsito da sensação tátil, é ligeiramente menor do que a audível, mas pouco relevante para o exercício que vamos apresentar.
Vamos imaginar que após a bola contatar a raquete, o tempo de viagem da informação até o cérebro e de reação, seja da ordem de 120 ms.
Ora, se a bola se mantém em contato com a raquete em pelo menos 3 ms, teremos uma situação no mínimo curiosa.
Quando a bola deixar a raquete teremos 120 - 3 = 117 ms que se passaram e isso significa que a bola já estará muito longe da zona de impacto.
Quanto maior a velocidade, maior será a distância da raquete em relação à bola após o contato.
O gráfico acima demonstra o espaço percorrido com a bola em contato com a raquete. Podemos notar que o espaço mínimo percorrido é 15 mm e o máximo 55 mm.
Fonte: Simon Goodwill
Se estabelecermos como média o espaço de 35 mm da bola em contato com a raquete, teremos que em 117 ms a bola estará cerca de 1365 mm ou 1,36 m da raquete, portanto não teremos mais controle sobre a citada bola!
Os cálculos são os seguintes:
Tempo da bola na raquete: 3 ms
Espaço médio percorrido com a bola na raquete: 35 mm
Tempo corrido: 120 - 3 = 117 ms
Espaço percorrido pela bola após o contato com a bola = 117/3 x 35 = 1365 mm ou 1,36 m.
Na realidade, esse espaço deverá ser um pouco menor, pois após o contato com a raquete, a bola passará sofrer a resistência do ar e isso reduzirá a distância percorrida.
Enquanto a bola estiver em contato com a raquete, haverá também resistência do ar, só que a bola estará sofrendo uma força oposta que é a da raquete.
Em outras palavras, quando o jogador "sentir" a bola na raquete, ela já se afastou da mesma há muito tempo e não há mais como controlar qualquer o contato entre ambas.
Para um melhor esclarecimento do fato, vamos fazer uma grosseira comparação com a luz do Sol que chega até nós, sobreviventes de um tal planeta Terra.
A distância entre o tal planeta Terra e o Sol é da ordem de 150 milhões de quilômetros que é conhecida como uma Unidade Astronômica (UA) pelos cosmólogos.
Sabemos que a velocidade da luz no vácuo é de 299.792.458 m/s ou cerca de 300.000 km/s.
Como S = V x T temos:
S = espaço
V = velocidade
T = tempo
logo,
T = S/V = 150.000.000/299.792,458 = 500,35 segundos ou 8,33 minutos!
Isso significa que o Sol que vemos aqui no poluído planeta Terra, é um Sol de 8,33 minutos atrás, estamos vendo o passado dele!
Tudo isso foi contado a você, leitor do blog, por um único motivo.
Quando preparar um golpe no tênis, se calculou mal, se desferiu o golpe antecipadamente ou tardiamente, se errou o ângulo de ataque da raquete e houve contato com a bola, não há nada mais a fazer!
Para os tenistas inteligentes, esse artigo abre uma janela de imensas oportunidades de aprimoramento no desenvolvimento de seus jogos.
Quando algum tenista lhe disser que tem controle sobre a bola na raquete, pergunte, você tem um "tempinho"?
Um forte abraço
Franco Morais
www.tenniscience.com.br
Ball Control In Contact With Racket*
Can We Control The Ball While In Contact With The Racket?
If you think so, don't waste your time reading this article!
Hello tennis player!
It is very common to hear from tennis players the term "I was not feeling the ball" after a game.
There are countless reasons that cause this sensation: racket, string tension, type of ball, air temperature, wind, relative humidity, altitude, type of court, in addition to intangible facts such as mood, physical and mental tiredness, poor health, among others. .
The above question is very complex and should be the subject of a article to be published in the near future.
Today we are going to deal with a milder issue, which deals with the ball in contact with the racket.
Is it possible to change the speed, angle and direction of the ball at the exact moment of contact with the racket?
That is what we will analyze in the course of this article.
In the publication "Impact of the Ball on the Tennis Racket", Simon Goodwill demonstrated that the time of the ball in contact with the racket is between 3 and 5 ms (milliseconds) with strings of 40 pounds and 70 pounds.
https://www.youtube.com/watch?v=VHV1YbeznCo
The link above shows footage of a ball on the racket being launched at 142 mph or 228.48 km / h in a serve with 6,000 frames / second.
For readers of the blog who are not familiar to human reaction times, we will present a real case that occurs in the athletics events of 100 and 200 meters dash.
Several studies already published have revealed that the audible reaction time of a high level athlete in short distance runs, 100 and 200 m dash, is between 120 and 150 ms.
In other words, after the starting shot, athletes start moving towards the finish line within those parameters already measured.
It happens that, until a while ago, many athletes tried to "find out" what the start time would be, leaving milliseconds before the shot happened. That action was extremely difficult to assess, even with slow motion images.
To solve this problem, the IAAF (International Association of Athletics Federations) has established that the minimum reaction time must not be below 100 ms.
For this, the blocks, or the feet support for the start, have an electric pressure sensor that determines what the athlete's reaction after the starting shot.
If the athlete moved before 100 ms, he will be banned from the race. Several elite athletes have already been disqualified as a result of this procedure.
Photo of the 200 m dash with the time of 0.2 s or 200 ms elapsed.
But, what does the athletes' reaction time have to do with the ball in contact with the racket?
Much more than you can imagine!
When the ball touches the racket, it receives a reaction force that is transferred to the arm and through electrical impulses, via synapses.
Such information goes to the brain where it is decoded into sensations, in this case tactile.
There is a distance to be traveled between the racket and the brain, and this does not happen instantly, so there is a delay in sending information.
The transit speed of the tactile sensation is slightly lower than the audible, but not relevant to the exercise we are going to present.
Let's imagine that after the ball contacts the racket, the travel time of the information to the brain and the reaction, is in the order of 120 ms.
Now, if the ball remains in contact with the racket for at least 3 ms, we will have a situation at least curious.
When the ball leaves the racket we will have 120 - 3 = 117 ms that have passed and that means that the ball will be far from the impact zone.
The higher the speed, the greater the racquet's distance from the ball after contact.
The graphic above shows the space covered with the ball in contact with the racket. We can see that the minimum space traveled is 15 mm and the maximum 55 mm.
Source: Simon Goodwill
If we establish 35 mm space of the ball in contact with the racket as an average, we will have that in 117 ms the ball will be about 1365 mm or 1.36 m from the racket, so we will no longer have control over that ball!
The calculations are as follows:
Ball time on racket: 3 ms
Average space covered with the ball on the racket: 35 mm
Running time: 120 - 3 = 117 ms
Space covered by the ball after contact with the ball = 117/3 x 35 = 1365 mm or 1.36 m.
In reality, this space should be a little smaller, because after contact with the racket, the ball will undergo air resistance and this will reduce the distance covered.
As long as the ball is in contact with the racket, there will also be air resistance, but the ball will be suffering an opposite force which comes from the racket.
In other words, when the player "feels" the ball on the racket, it has moved away from it for a long time and there is no way to control any contact between them.
For a better clarification of the fact, let's make a rough comparison with the sunlight that reaches us, survivors of such a planet Earth.
The distance between this planet Earth and the Sun is of the order of 150 million kilometers that is known as an Astronomical Unit (AU) by cosmologists.
We know that the speed of light in a vacuum is 299,792,458 m / s or about 300,000 km / s.
As S = V x T we have:
S = space
V = speed
T = time
Therefore,
T = S / V = 150,000,000 / 299,792,458 = 500.35 seconds or 8.33 minutes!
This means that the Sun we see here on the polluted planet Earth, is a Sun of 8.33 minutes ago, we are seeing his past!
All of this was told to you, the blog reader, for a single reason.
When preparing a stroke on tennis, if you miscalculated, hit early or late, if the racket's angle of attack was wrong and contact with the ball happened, there is nothing more to do about it!
For smart tennis players, this article opens a window of immense opportunities for improvement in the development of their games.
When a tennis player tells you that we have control over the ball on the racket, ask, can we talk a little bit?
Best regards
Franco Morais
www.tenniscience.com.br